Ultimamente tenho ouvido (lido!) muito sobre esse tema. Moda e poder, poder x moda, o poder na moda ... mas afinal que relação existe entre a Moda e o Poder?
A juventude dos anos 60 revolucionaram o mundo e alavancaram mudanças na Moda, culminando com o advento do “prêt-à-porter”. A ‘deusa Moda’ galgava seu primeiro patamar enquanto líder: teria a engenhosidade da indústria a seu favor. A humanidade ganhava, enfim, o poder de escolha em resposta aos anos de ditadura onde que a deusa Moda lhes impunha seus preceitos. Será este o berçário do Poder? Talvez ...
Ademais, como exímia comunicadora, a Moda associa a prática de linguagem a um poder que a torne troca, “circulação de sentido” e, numa semiótica prática, “dinheiro” [1]. Um poder que está presente nos “finos mecanismos sociais”, como nas “modas”, e que só permite um prática semiótica, um discurso comunicatório, quando sob seu aval[2]. Assim se aperfeiçoou o poder?
A bem da verdade a relação entre a Moda e o Poder é intrinsecamente anterior aos institutos relativos a moda. A ‘deusa Moda’ e o ‘Poder’ são amantes de longa data, dividindo os lençóis ideológicos e movendo juntos, desde a instituição/posse da Moda, as engrenagens de seu ‘Reino Ornamental’.
Talvez a discussão seja melhor nomeada pela sentença “O Poder da Moda”. Esse ser quase orgânico, mas totalmente inteligível, essa ‘deusa’ devastadoramente encantadora (que é a Moda), exerce sobre o mundo um poder de atração tal que arrasta ‘gregos e troianos’ por entre suas veredas.
Todo o mundo? Claro. Seus súditos humanos rendem-se aos seus desejos presos por uma relação de interdependência: precisam dela para se diferenciarem, deleitando-se em seus manjares de enfeites ao mesmo tempo que são seus mantenedores, já que alvo de seus encantos, que não afetariam outros súditos.
Enquanto atingidos pela mágica da Moda, os homens interagem entre si, exibindo os presentes recebidos das mãos dessa ‘deusa’ formando, junto com outros fatores, a vida sociocultural a que se sujeitam. Assim, também a sociedade e a cultura rendem-se ao poder da Moda; não como súditas, mas conselheiras reais tornando a ‘deusa Moda’ um belo reflexo no espelho de seus ‘conselhos’. É nesse espelho, a vida sociocultural, que a Moda encena toda a comédia, e a tragédia, que os seus súditos humanos vivem enquanto interagem.
Todo o mundo é atraído pelos encantos da ‘deusa Moda’, que conduz com maestria, seu ‘Reino Ornamental’. É o ‘Poder’ da ‘Moda’!
(***) texto originalmente publicado no portal ModaBrasil, da Universidade Anhembi Morumbi, em 2003.
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